Sabemos que as empresas brasileiras de capital aberto terão que, a partir de 2010, publicar seus balanços consolidados no padrão internacional de contabilidade, o International Financial Report Standart (IFRS). Mas quantas organizações já se adequaram à nova realidade?
Este assunto já está sendo abordado há quase dois anos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até agora muitas empresas ainda não conseguiram se preparar para atender o novo modelo de demonstração financeira. Porém, isso será necessário não só devido à exigência legal, mas também para as organizações se preservarem dentro da atual realidade empresarial global, onde a transparência e o controle contábil e fiscal são fundamentais para conquista de mercado e convivência com sociedade, governos e instituições. Soma-se a isso a premência de estarem em conformidade para atender os requerimentos de investidores, quando precisarem buscar recursos no mercado.
O fato é que a implantação do padrão IFRS representa um avanço dentro do sistema financeiro, principalmente nestes tempos de transformação econômica e construção de um novo cenário no ambiente empresarial global. A medida fará com que as empresas de capital aberto brasileiras falem a mesma língua das outras organizações mundiais que já adotaram este padrão e ganharam respeitabilidade dentro do conceito de facilidade de acesso aos dados e clareza das operações.
As empresas que ainda não se adequaram a este novo padrão da contabilidade provavelmente precisarão contratar organizações especializadas nestes serviços, como consultorias e empresas de outsourcing, capazes de gerirem a implementação deste processo. O tema exige compreensão e revisão de informações antes não tratadas que, certamente, pela volumetria de dados, dinâmica na transformação e inclusão de novos conceitos exigirão muito dos profissionais de contabilidade, assim como dos gestores , analistas de mercados e investidores.
Alguns especialistas acreditam que o maior impacto com a introdução do IFRS nas empresas será com a divulgação dos balanços; outros afirmam que será com a apuração dos resultados. Sabemos que os choques internos nas organizações serão muitos e, provavelmente, enormes, mas temos que pensar nos benefícios que esta adequação ao principal sistema internacional de contabilidade trará à economia do País.
Desde 2007 a área contábil brasileira vem sendo motivada a introduzir uma série de medidas de aprimoramento. O mercado que oferece serviço de contabilidade tem se empenhado há algum tempo para levar aos seus profissionais toda essa gama de informação sobre as novas normas e regras contábeis.
As escolas de ensino superior que provem graduação em ciências contábeis, também têm modificado sua grade curricular para atender aos novos padrões. É fundamental que os estudantes de contabilidade entrem no mercado de trabalho preparado para o novo cenário contábil brasileiro.
Em outra vertente, o setor tem ainda dado um outro enorme salto de “arrumação”, e por que não dizer modernização, com a introdução de ferramentas tecnológicas. Para exemplificar, as empresas deverão fornecer todo o movimento econômico, antigamente registrado nos chamados livros diários e auxiliares, imediatamente após o encerramento do exercício fiscal, para o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Tal sistema agrupa uma série de informações econômicas, inclusive em linha direta com a Receita Federal e demais esferas tributantes. Esse fator também tem exigido total acompanhamento e adesão das empresas atuantes na área.
Por fim, vale lembrar que há o padrão contábil brasileiro; existe o modelo europeu – IFRS; e existe o padrão americano (USGAAP). Estes dois últimos padrões ainda têm aspectos a serem harmonizados e, desta forma, quando ambos estiverem na mesma “plataforma” de convergência, entidades de ensino, profissionais da área de contabilidade e empresas brasileiras já adequadas ao IFRS precisarão passar por uma nova etapa de integração, convergência.
* Geuma Campos Nascimento e Vagner Jaime Rodrigues são sócios da Trevisan Outsourcing e professores da Trevisan Escola de Negócios.
Emails: [email protected] e [email protected].