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Um robô na sala de reuniões: Inteligência Artificial nos Conselhos de Administração

O conselheiro digital ocupará, cada vez mais, um assento nas corporações, mas vamos precisar de regras claras

Há dez anos, o Conselho da Agenda Global sobre o Futuro do Software e da Sociedade, do Fórum Econômico Mundial, previu que a primeira máquina de Inteligência Artificial juntar-se-ia a um Conselho de Administração em 2026. A tecnologia foi mais rápida.

Em 2020, a Deep Knowledge Ventures (DKV), uma empresa gestora de fundos de investimentos de Hong Kong, apontou um software de IA como membro do seu Conselho de Administração, com direito a voto e veto sobre decisões de investimentos.

Prepare-se. O conselheiro digital vai reivindicar, cada vez mais, um assento nas corporações. Que impactos terá essa mudança? Qual será o papel da Inteligência Artificial em um Conselho de Administração? O que vai mudar na governança das empresas?

É certo que a IA pode trazer benefícios significativos em termos de tomada de decisão, análise de riscos e identificação de oportunidades. Mas também deve levantar desafios éticos, de responsabilidade e de governança que precisam ser considerados e abordados pelas empresas e pelos reguladores.

Vamos por partes. Primeiro, os aspectos positivos.

A IA pode processar grandes volumes de dados, tendências de mercado, análises financeiras e outros insights em tempo real. Isso pode permitir que o Conselho tome decisões mais rápidas e informadas, com base em uma análise mais abrangente do ambiente de negócios.

A Inteligência Artificial pode ajudar a identificar e avaliar riscos potenciais de uma forma mais abrangente e precisa, permitindo que o Conselho tome medidas proativas para mitigar esses riscos. Analisando padrões e tendências, vai identificar oportunidades emergentes no mercado.

E os riscos?

A inclusão da IA no Conselho também levantará desafios éticos e questões de responsabilidade. Será necessário estabelecer diretrizes claras sobre o uso da máquina, quem é responsável por suas decisões e como lidar com situações em que há conflitos entre suas decisões e as decisões humanas.

Antes de o robô chegar à sala de reuniões, no entanto, serão necessárias novas regulamentações e práticas de governança para garantir o uso ético e responsável, bem como a transparência e a prestação de contas.

Pesquisa global feita pela Ernest Young mostrou que apenas 40% dos Conselhos de Administração disseram compreender na totalidade os riscos de cibersegurança enfrentados por suas organizações. Na União Europeia, por exemplo, proposta prevê multa de até 30 milhões de euros pelo uso de sistemas de IA que violem a segurança das pessoas e os direitos humanos.

A palavra robô apareceu pela primeira vez na peça R.U.R, do russo Karel Kapek. Deriva do tcheco robota, que significa trabalho forçado. Cem anos atrás, já discutia a importância de considerar as implicações éticas e sociais de avanços tecnológicos.

A Inteligência Artificial, certamente, vem facilitar e acelerar o trabalho. Para dar assento ao robô, vamos precisar de regras claras. A legislação não pode perder a corrida para a velocidade da tecnologia.

*Izabela Drucker Curi é advogada, sócia fundadora do Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law, startup focada em soluções jurídicas personalizadas para o cliente corporativo

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