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Caderneta abre vantagem

Em junho, a poupança já teve a maior captação mensal do ano, com R$ 2,089 bilhões.

Luciana Monteiro e Adriana Cotias

O juro em níveis historicamente baixos, 8,75% ao ano a partir de hoje, já está provocando mudanças no portfólio dos investidores, com a caderneta de poupança ganhando espaço. A aplicação mais tradicional do país apresenta captação líquida de R$ 5,507 bilhões até dia 16, segundo o Banco Central. Este valor supera, e muito, o ingresso registrado no mesmo período do mês passado, de R$ 336,381 milhões. Apesar de normalmente a caderneta apresentar forte captação no início de cada mês - muitas empresas depositam os salários dos empregados em contas poupança -, o ritmo constante de entrada de recursos dá sinais de que este será um mês bastante positivo. Em junho, a poupança já teve a maior captação mensal do ano, com R$ 2,089 bilhões.

No Santander, julho já se configura como o melhor período do ano para as captações de poupança. Segundo o gerente-executivo de Produtos da instituição, Marcos Matos, até meados do mês, os ingressos de recursos superavam em 50% tudo o que tinha entrado entre janeiro e junho. "Julho é o melhor mês da indústria em 2009 e o banco tem replicado isso", diz. Segundo o executivo, o que se nota não é uma migração de recursos entre as aplicações de renda fixa, mas sim, sobras de caixa que vêm sendo direcionadas para a caderneta de poupança. "É, aparentemente, um fluxo de curto prazo."

Com a nova redução da taxa de juros de ontem, o retorno de 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR) isento de imposto da caderneta se torna ainda mais competitivo em relação aos fundos DI ou de renda fixa. Levantamento do Valor mostra que, para o atual nível de juro, de 8,75% ao ano, somente os fundos que cobram taxa de administração de 0,75% ao ano rendem mais que a caderneta para todas as alíquotas de imposto de renda - que vão de 22,5% a 15%, conforme o prazo de aplicação. Carteiras com taxa de 1% só são vantajosas para períodos acima de um ano.

E não são apenas os fundos que perdem competitividade ante a poupança. Mesmo para os CDBs fica mais difícil superar o retorno da caderneta. Considerando-se a Selic a 8,75%, só é vantagem aplicar num CDB que pague uma taxa equivalente a 90% do CDI, e isso apenas para aplicações acima de seis meses (alíquota de imposto de renda de 20%).

Diante desse cenário, o investidor parece que começou a fazer as contas e aumentar a parcela investida em caderneta. Mas chama a atenção neste mês que, apesar do ritmo de ingresso de recursos se manter forte na poupança, os fundos de investimentos não registraram perdas expressivas. Os fundos das categorias curto prazo (carteiras que aplicam em papéis com vencimento em até 365 dias) e DI têm, juntos, ingresso de R$ 2,433 bilhões em julho até o dia 17. Os CDBs também apresentam captação no mês, de R$ 908,5 milhões até o dia 16.

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