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Governo ganha tempo para decidir sobre mudança na poupança

Opção preferida é atrelar o rendimento da poupança à taxa Selic: se juros caírem, cai também a remuneração da caderneta

O movimento de redução das taxas de administração dos fundos de investimento e a previsão de que a taxa básica de juros (Selic) pare de cair deram mais tempo ao governo para deixar em banho-maria a decisão sobre a mudança na forma de rendimento da caderneta de poupança. Cresce no Ministério da Fazenda a avaliação de que a proposta anunciada em maio é tecnicamente "insustentável" no médio prazo e deveria ser deixada de lado.  Integrantes da equipe econômica tentam convencer o ministro Guido Mantega sobre a necessidade de se discutir alternativas à complicada fórmula anunciada há dois meses.

 

Na Fazenda, a opção preferida é atrelar o rendimento da poupança à taxa Selic. Se os juros caírem, cai também a remuneração da caderneta.
Os assessores acreditam que essa alternativa pode voltar a ser colocada na mesa e poderia ser explicada à população num contexto de redução dos juros. O problema, no entanto, é a resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a aceitar uma alteração no rendimento da poupança - produto financeiro com maior apelo nas classes mais baixas - que possa parecer prejudicial aos olhos do pequeno poupador.

Publicamente, no entanto, o discurso no Ministério da Fazenda é de que o governo aguarda apenas condições políticas mais favoráveis para encaminhar ao Congresso o projeto de lei que prevê a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre o rendimento dos saldos de poupança maiores que R$ 50 mil.

Pela proposta, a alíquota do IR não seria predeterminada, mas dependeria do nível da taxa Selic. E o contribuinte teria todo o trabalho de fazer esses cálculos na declaração anual de Imposto de Renda. Essa alternativa não era do agrado dos principais secretários do Ministério da Fazenda: Nelson Barbosa (Política Econômica), Bernard Appy (Reformas Econômico-Fiscais) e Arno Augustin (Tesouro Nacional). Mas, entre as opções que estavam na mesa, a cobrança do IR foi a preferida pelo presidente. Pesou e ainda pesa a questão política na decisão, já que o governo ganhou o discurso de que não vai mexer no patrimônio dos pequenos poupadores.

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