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Dólar fecha a R$ 1,858
Valorização chega a 3,75% e assusta o BC, que decide vender US$ 2 bi no mercado futuro
O Banco Central deu ontem o mais claro sinal do quanto está preocupado com a disparada dos preços do dólar, que atingiram R$ 1,858, o nível mais elevado em 15 meses. Com a moeda norte-americana subindo 3,75% no dia e 16,70% no mês, a autoridade monetária desistiu de rolar US$ 1,98 bilhão em contratos de compra da moeda norte-americana no mercado futuro, com vencimento em 1º de outubro, por meio dos leilões de swap cambial reverso. "Ou seja, ao deixar quase US$ 2 bilhões no mercado, o BC mostrou que não aceitará uma cotação superior a R$ 1,80, porque o impacto sobre a inflação será enorme. Há um compromisso da instituição de reduzir as taxas de juros. Por isso, tem de conter a escalada da divisa, que impacta uma série de preços e serviços, de viagens ao exterior às tarifas públicas", explicou um técnico do governo.
Os swaps reversos vinham sendo usados pelo BC para conter o derretimento do dólar, que, em julho, caiu para R$ 1,556, voltando as patamares de 1999, quando o país adotou o sistema de câmbio flutuante. Mas a recente mudança de rumo da moeda dos Estados Unidos, por causa do agravamento da crise mundial, e a compra de US$ 20 bilhões por investidores estrangeiros no país fizeram a autoridade monetária mudar de postura. Desde a semana passada, já não compra divisas estrangeiras no mercado. Ontem, foi a vez de reduzir as posições futuras, para não sancionar preços tão elevados do dólar. "Todos esperavam uma recuperação das cotações. Inclusive, já vínhamos dizendo isso e alertando para os riscos de virada no câmbio. Mas não há nada que justifique um dólar acima de R$ 1,80", afirmou um funcionário do BC.
Nas contas do Banco Central, os repasses da alta do dólar para os preços devem ser entre 3% e 8%. Por isso, é importante que a arrancada da moeda seja moderada. Quer dizer: o suficiente para favorecer as exportações brasileiras de produtos de maior valor agregado e no limite para não comprometer a meta de inflação — o risco de o índice superar o teto de 6,5% está cada vez maior. Para o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos, a tendência do dólar é de alta, mas não na atual magnitude.
Temporário
No Ministério da Fazenda, a avaliação é de que a recente valorização da moeda norte-americana é transitória, apesar da rápida mudança de patamar dos preços. Assessores do ministro Guido Mantega avaliaram que, embora esteja indo na direção desejada pelo governo, o efeito colateral da alta do dólar sobre a inflação, que, em 12 meses, está em 7,33%, bem acima do teto da meta, não é desejável. Para eles, é possível que, com a desaceleração da atividade doméstica e com o mundo à beira da recessão, se consiga minimizar a pressão do câmbio sobre os preços.
Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, é possível que as cotações do dólar refluam quando se tiver um quadro mais claro sobre a Grécia. Espera-se que, em outubro, aquele país receba mais uma ajuda de 8 bilhões de euros, a última parcela do pacote de 110 bilhões de euros. Velho destacou ainda que o fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil deverá continuar forte. Dados divulgados pelo BC revelaram que, neste mês, até o dia 16, o saldo está positivo em US$ 8,5 bilhões. No ano, chega a US$ 68,3 bilhões, quase o triplo do observado em 2010, de US$ 24,3 bilhões.
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Atualizado em: 10/01/2025 20:59 |