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Empresas atraem talentos. Os chefes, os mantém
Como companhias encontram formas de garantir que os seus gestores sejam mais preparados para lidar com as suas equipes
Um ditado do mundo de recursos humanos diz que as pessoas escolhem as organizações pelas empresas e as deixam por causa de seus chefes. Ou seja, dificuldades de relacionamentos, má gestão e falhas de comunicação entre gestores e subordinados podem fazer boas companhias perderem bons talentos. “Fazemos constantemente pesquisas de clima para acompanhar se as coisas estão correndo bem”, diz Conrado Leister, presidente no Brasil e no Cone Sul da SAS, uma das 26 empresas certificadas pela Top Employers no Brasil, em 2016. “É uma forma de deixar claro para a liderança que a cultura da empresa deve prevalecer, e que temos de preservar o nosso ambiente, que é, por natureza, colaborativo.”
Na incorporadora imobiliária Cyrela, essas pesquisas, realizadas com a intenção de garantir o respeito nas relações entre as pessoas, permitiram identificar como os gestores podem motivar e extrair o melhor dos seus subordinados. Em 2012, um estudo interno mostrou que havia uma relação direta do nível de comunicação e feedback de tarefas com o bom clima dentro das áreas da empresa. “Incentivamos que isso fosse aplicado, explicando para os gestores como falar com os empregados. Então, em 2014, quando fizemos a pesquisa de novo, o clima tinha melhorado muito”, afirma Erika Petri, responsável pelos recursos humanos da Cyrela. “Ninguém quer trabalhar às cegas, afinal, isso pode fazer as pessoas serem demitidas sem nem saber o porquê.”
A evolução do gestor também é essencial para os bons resultados. No Grupo BB Mapfre, de seguros, há um acompanhamento do ciclo de gestão das pessoas. Todos os pontos fracos dos chefes vão sendo monitorados durante o seu período de desenvolvimento, e cursos vão sendo ministrados. Em casos mais extremos, há a utilização de coaching. Mas a empresa não descarta o funcionário que simplesmente não tem talento para gerir pessoas. “Nem todo mundo tem perfil de gestor”, diz Cynthia Betti, diretora de recursos humanos da seguradora. “Por isso, criamos a evolução de carreira em Y. Um bom técnico pode subir para uma carreira de especialista, recebendo os mesmos benefícios de um coordenador.” Antes, para crescer na empresa, a pessoa precisava se tornar chefe. Isso causava a perda de excelentes técnicos, sem que a empresa ganhasse bons gestores.
Mas há quem defenda que nem sempre fugir dos maus chefes pode ser a melhor solução para a evolução pessoal e de uma empresa. “Isso minimiza a importância das organizações”, afirma Sérgio Piza, diretor de gente e gestão da fabricante de papel e celulose Klabin. “Todo mundo quer jogar com o Neymar, mas nem sempre é possível. Para ser um protagonista, o subordinado deve aproveitar a experiência para aprender.”
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