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Empresários que fecharam contam o que aprenderam com os erros

Se o momento econômico não é bom para os negócios, as micro e pequenas empresas são as que mais sofrem com isso.

Se o momento econômico não é bom para os negócios, as micro e pequenas empresas são as que mais sofrem com isso.

Os dados demonstram: segundo a Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial bateram recorde histórico de janeiro a outubro (1.600) em relação ao período equivalente de 2015. A alta é puxada pelas empresas de menor porte (990), com alta de 91,5% nos pedidos.

"Há um impacto duplo na recessão: a queda na receita e o aumento dos custos", afirma Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

Por mais que a diminuição no caixa e a restrição ao crédito imponham desafios, a razão central da implosão das micro e pequenas empresas é mais antiga.

A taxa histórica de mortalidade nos dois primeiros anos beira os 30%, segundo Enio Pinto, gerente nacional de atendimento do Sebrae, e 2016 deve fechar acima desse índice.

"A principal razão é o amadorismo. São pessoas que têm afinidade com a operação do negócio, mas não entendem de administração", afirma o especialista. "É como querer ser médico sem ter estudado medicina."

O coordenador-adjunto do Centro de Empreendedorismo da FGV (Fundação Getulio Vargas), Marcelo Aidar, destaca outro erro capital: subestimar o mercado, achando que certo produto ou serviço fará sucesso na região, ou não atingir o público ou o tíquete médio previstos.

"Não há dinheiro ou recursos que supram a falta de clientes", atesta.

A empresária Joyce Venâncio, hoje dona da marca de bonecas artesanais Preta Pretinha, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo), aprendeu isso na marra.

Em 1998, ela abriu um café com duas irmãs no Jardim Bonfiglioli (também na zona oeste), que não passou de um ano e meio.

"Hoje eu vejo como os empreendedores ficam deslumbrados. O Fran's Café estava bombando naquela época e fizemos um café requintado, mas sem nenhum planejamento", afirma.

Resultado: "Os moradores do bairro esperavam até o final de semana para se vestir melhor e tomar um cafezinho", lembra.

"Me descapitalizei bastante, tive de voltar para o mercado de trabalho."

Já o empresário João Gilberto Sanzovo, 32, deixou passar despercebido outro detalhe. Recém-formados em engenharia, em 2009, ele e mais dois amigos da faculdade transformaram a vontade de empreender na AJK Tech, uma startup de dispositivos de preços eletrônicos para gôndolas de supermercado.

Depois de equipar uma loja inteira com a tecnologia, em Jaú (interior de São Paulo) e atrair a atenção de clientes em uma feira do setor, apareceu o gargalo.

A empresa parceira que fornecia o display, na Itália, não conseguia enviar as remessas seguintes solicitadas. Pior: os equipamentos já instalados apresentaram defeito e deixavam os números deformados na tela.
"Aprendi algo básico para quem estuda marketing. Não se pode depender de um fornecedor só", afirma Sanzovo.

Hoje sócio de três startups, ele aplicou o aprendizado na Link Monitoramento, empresa de rastreamento de veículos, para a qual mais se dedica. "Faço um balanço entre fornecedores do hardware, mão de obra terceirizada e operadoras de celular conforme a região e a demanda", diz o empresário.

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