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Bancos digitais trazem economia e praticidade a Meis

Com custos menores e promessa de agilidade, as fintechs entram na concorrência pela preferência dos pequenos negócios; a empreendedora Carolina Cunha é uma das que conseguiu economizar com os serviços

A empreendedora Carolina Cunha, dona de um pet shop e clínica veterinária em São Paulo, gastava cerca de R$ 300 todo mês com as tarifas do banco. Isso antes de aderir a um banco digital. “Hoje, não pago tarifa mensal e ainda tenho direito a fazer cem DOCs e emitir cem boletos por mês”, diz.

A empresária, assim como muitos outros donos de pequenos negócios e Microempreendedores Individuais (MEIs), chegou à conclusão de que ter uma conta como pessoa jurídica em um banco digital é mais vantajoso para satisfazer as necessidades da sua empresa e economizar dinheiro.

O consultor do Sebrae-SP Felipe Chiconato afirma que os empreendedores estão “perdendo o medo” das fintechs, como são chamadas as instituições financeiras digitais. De acordo com ele, o maior temor era o fato de essas instituições não terem uma agência física.

“Muitos tinham relação próxima com o gerente, frequentavam a agência. Eles temiam não ter a quem recorrer se acontecesse um problema”, diz. Sobretudo por indicação de outros empreendedores, a confiança nos bancos digitais vem crescendo e o seu uso está se disseminando principalmente entre os mais jovens.

“Tem uma nova geração de MEIs que já nasce digital, com lojas em marketplace e uso intenso de redes sociais. Esse pessoal prefere meios de pagamentos e bancos digitais”, explica Chiconato. Entre os cuidados na relação com as fintechs, o consultor aponta para a necessidade de o empreendedor sempre ter duas contas, uma pessoal e outra para o negócio, e sempre olhar para o longo prazo, evitando a tentação de resolver um problema agora, mas se esquecendo de pensar no futuro da empresa.

O benefício financeiro é o chamariz mais atrativo das fintechs para conquistar os empreendedores. Enquanto uma conta de pessoa jurídica nos bancos tradicionais tem uma taxa média de R$ 60 por mês, muitas fintechs não cobram nada. Além da mensalidade, serviços como DOCs, TEDs e saques em caixas eletrônicos costumam ser tarifados nos grandes bancos, com preços em geral mais altos que os das fintechs.

Somando todas as operações, o gasto mensal em um banco tradicional pode pesar nas finanças de um pequeno empreendimento. Foi o peso desse custo mensal que motivou a empreendedora Carolina a migrar para uma instituição financeira digital, que ela conheceu por meio da proposta de um representante. “Eu gastava R$ 7,50 por DOC e R$ 13,50 por TED, fora os outros serviços, como pagamento de funcionários e emissão de boletos”, conta.

Praticidade
Para Guilherme Rovai, diretor de design de produtos do banco Neon, a necessidade de MEIs e PMEs é bem diferente da de grandes empresas. Enquanto as grandes companhias fazem rotineiramente muitas operações bancárias complexas, os pequenos e médios negócios usam apenas serviços mais simples.

Por isso, os bancos digitais podem suprir as necessidades dos donos de pequenos negócios. “Eles querem praticidade e soluções rápidas, ali no celular mesmo. Se for mais barato, melhor ainda”, analisa.

Além dos serviços bancários, há fintechs que oferecem aos empreendedores opções para pagamentos, recebimentos, cartões virtuais, financiamento e até antecipação de créditos a receber. Marco Camhaji, CEO da Adianta, fintech que faz o adiantamento de valores a receber, afirma que 100% dos seus clientes são empresas de pequeno e médio porte. “Esse é um público desassistido, que muitas vezes não é valorizado pelos grandes bancos”, diz.

Com mais bancos no mercado, há mais concorrência, e tanto o preço dos serviços, como as taxas e juros cobrados tendem a cair, beneficiando os empreendedores. Uma das áreas em que o barateamento é mais notável é a de empréstimos e financiamentos.

Com mais alternativas, o empreendedor não fica restrito às linhas de crédito dos grandes bancos e pode, inclusive, conseguir dinheiro com investidores privados, a taxas de juros menores.

Para Dan Cohen, CEO da Finpass, que faz antecipação de recebíveis e intermedeia empréstimos, a chegada das instituições financeiras digitais é uma concorrência real para os “bancões”, e já pressiona os grandes a diminuir encargos e juros.

A Peak Invest, por exemplo, é uma fintech que conecta empreendedores que buscam empréstimos a investidores. O CEO da empresa, Marcio Berger, afirma que a maioria dos seus clientes é composta por pequenas e médias empresas. De acordo com ele, a maior vantagem de emprestar dinheiro diretamente com investidores é o menor custo.

“Os empréstimos diretos reduzem o spread e os juros”, explica. Spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que o banco paga para captar um recurso e o quanto a mesma instituição cobra para emprestar esse dinheiro aos seus clientes.

Para os empreendedores, a concorrência mais acirrada após a chegada das fintechs tem efeito positivo em outro ponto sensível: as maquininhas de cartão. Hoje, praticamente todos os MEIs que trabalham com vendas diretas no varejo têm uma ou mais terminais de pagamento por cartão. Com tanta oferta, o custo para os empreendedores caiu.

Há até meios de pagamento que dispensam cartões, com toda a operação feita pelo celular. Com 10 milhões de usuários, a PicPay oferece um sistema de pagamentos totalmente digital. Quem tem o app paga diretamente os serviços e produtos de estabelecimentos credenciados.

“Os MEIs e as MPEs são carentes de serviços, criamos o app pensando neles. As grandes empresas têm departamento financeiro e muitos profissionais para cuidar do dinheiro. Os pequenos fazem tudo ou quase tudo sozinhos, não têm tempo de ficar movimentando seu dinheiro”, diz Elvis Tinti, diretor comercial da empresa.

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